quinta-feira, 16 de julho de 2009

DOSSIÊ DE INCLUSÃO

NA INTERDISCIPLINA EDUCAÇÃO DE PESSOAS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS, CONSTRUÍMOS UM DOSSIÊ DE INCLUSÃO.

O que é o Dossiê de Inclusão?
O dossiê de inclusão visa contribuir para a busca de sentido na produção de conhecimentos no transcorrer de nossos estudos. Este documento busca a completude de suas descobertas em que o respeito às singularidades será respeitado na medida em que cada aluno (a) será encorajado à reflexão e a sistematização de suas experiências num formato original capaz de apontar para as conquistas individuais.
Unidade 1 - Retrospectiva Histórica da Educação Especial
Unidade 2 - Políticas Públicas Brasileiras em Educação Especial e o Projeto Político - Pedagógico da Educação Inclusiva
Unidade 3 - Serviços de Atendimento Educacional Especializado
Unidade 4 - Deficiência Física
Unidade 5 - Autismo
Unidade 6 - Deficiência Mental
Breve análise histórica da educação especial. A LDBEN 1996 e a inclusão dos alunos com necessidades educacionais no ensino regular. Avanços na legislação brasileira e as dificuldades estruturais no contexto do ensino no país. Conceitos e princípios pedagógicos da educação inclusiva: principais conceitos; a identificação do aluno com necessidades especiais; o processo de ensino-aprendizagem com alunos com necessidades especiais; as adaptações curriculares de pequeno e grande porte; avaliação, progressão e terminalidade escolar; a inserção no trabalho.

LINK DO DOSSIÊ:
http://febeatrizpead.pbworks.com/DOSSI%C3%8A+DE+INCLUS%C3%83O+-+FERNANDA+BEATRIZ

quarta-feira, 15 de julho de 2009

ATIVIDADE DIDÁTICO-PEDAGÓGICA - 2ª PARTE: REVISÃO TEÓRICA SOBRE A PRÁTICA


Quando falei com os alunos que iríamos convidar uma professora da escola para entrevistarmos, eles acharam o máximo!
Então decidimos fazer um convite por escrito. As crianças sugeriram a seguinte frase: “A nossa turma 1A1 quer entrevistar você.”
Todos escreveram os seus nomes no convite, isto é, assinaram como eles disseram.
No dia que a professora Isabel (que é negra), veio à nossa sala de aula, as crianças estavam um pouco tímidas, mas somente até o momento de começarem a fazer as perguntas.
Foram feitas perguntas sobre diversos assuntos. As iniciais foram: Tu é casada? Quantos filhos tu tem? Quantos anos tu tem? Como é o nome dos teus filhos? E do teu marido? Tu gosta de dar aula? Onde tu mora? Pra que turma tu dá aula? E outras mais...
Para lembrar: todas as perguntas feitas para a professora Isabel, também eram respondidas por mim.
Então, a professora entrevistada começou a interagir um pouco mais com as crianças, perguntando à elas, se eu e ela nos parecíamos. Ou seja, o que nós duas tínhamos de semelhante ou diferente.
Aí, eles foram dizendo que ela era mais alta do que eu, que o meu cabelo era mais comprido que o dela, que as nossas roupas eram bonitas, que eu uso óculos e ela não, e finalmente chegamos onde eu queria: que a pele dela era marrom forte e que a minha era marrom fraco.
Neste momento, perguntei a eles se a nossa convidada era loira, e claro que eles disseram que não; perguntei se ela era morena, e aí ouvi a maioria dizendo que sim, e poucos dizendo que não. Questionei então esta minoria, perguntando: Se a professora Isabel não é loira e nem morena, como ela é? E a minoria em uníssono respondeu: negra. A professora Isabel aprovou a resposta, dizendo: realmente eu sou negra e a morena e a professora Fernanda.
Após este momento, as crianças desenharam a nossa convidada, que ainda permanecia em nossa sala.
Todos desenharam a professora do seu jeitinho, e enquanto faziam esta atividade, alguns perguntaram de que cor era para pintar a pele dela. A própria professora Isabel respondia: Pra ficar mais parecido comigo, dá para pintar com o lápis de cor marrom.
Depois dos desenhos prontos, a nossa entrevistada agradeceu pelo convite, dizendo aos alunos que tinha sido uma honra ser entrevistada por crianças tão inteligentes!
Na mesma folha do desenho, os alunos copiaram do quadro, algumas características referentes à professora Isabel, ditas por eles mesmos: querida, bonita, feliz.
Fizeram a mesma atividade, desenhando-me. As minhas características foram: linda, inteligente e divertida.
Depois de prontos, os trabalhos foram expostos na sala.
Sentamos então numa rodinha, sobre o tapete, e fui perguntando às crianças:
Quantos alunos negros há em nossa escola? Resposta da maioria: não sei.
Quem tem um (a) amigo (a) negro (a)? Dos 22 alunos, 6 afirmaram que tinham.
Quais são as brincadeiras preferidas destas crianças (negras)? Bola, boneca, carrinho, que nem a gente!
Onde mais vocês já viram pessoas negras? Na televisão, perto da minha casa, em todo lugar!
No dia seguinte, colocamos sobre as mesas as imagens (pedidas no tema). Trazidas pelas crianças e por mim.
Observamos todas elas e fui fazendo perguntas: como as pessoas das figuras estavam vestidas, onde elas poderiam estar, se elas estavam tristes ou alegres...
Depois de ouvir as suas opiniões, fomos colar as imagens trazidas, em uma cartolina. Perguntei: Como vamos colar estas imagens? Podem ser todas misturadas? Todos concordaram. Colamos todas as figuras: muitas de brancos, algumas de negros e somente uma de índio.
Convidamos então, as outras turmas da escola para que viessem na nossa sala de aula, ver as produções dos alunos.
Foi bem bacana observar e ouvir o que as outras turmas diziam ao verem os desenhos feitos pela turma 1A1. Os desenhos foram colocados de forma intercalada, ou seja, um desenho da professora negra, um desenho da professora branca, e assim sucessivamente.
Ouvi de uma criança da 3ª série: Eu nunca desenhei uma pessoa dessa cor. (apontando para o desenho da professora negra).
Durante estes dois dias de trabalho, percebi que existem sim pessoas preconceituosas: na minha turma, nas outras turmas, em qualquer lugar.
Como é importante poder falar abertamente sobre a discriminação, a fim de levantar a auto-estima de qualquer cidadão, independente de como ele é.
Trabalhar com a diversidade racial, deve se tornar um exercício permanente nas escolas, não apenas em datas comemorativas, quando na verdade, muitas vezes não há o que se comemorar.
Seria incrível, se um dia, todos juntos, pudéssemos comemorar que a discriminação, o preconceito, a exclusão, foram exterminados!
Toda criança precisa ter segurança, quanto a sua identidade. Ela precisa ver-se como um cidadão com os mesmos direitos e deveres, como os de qualquer indivíduo.
Todas as pessoas têm o direito de sonhar, mas hoje ainda vemos, infelizmente, que quem mais consegue realizá-los, são os brancos. Por que será?
Onde está a democracia?
Nós, educadores, temos que ser criativos e sensíveis para podermos atender as essências contidas nas vozes dos alunos afro-brasileiros.
Temos que resgatar em nossos alunos, de todas as etnias, sua ancestralidade, para que assim possam se orgulhar de sua origem e manifestarem-se livremente ao longo da sua caminhada histórica.
COMPLEMENTO

Quando os meus alunos começaram a listar uma série de características minhas e da professora negra entrevistada, uma que me chamou a atenção foi quando disseram que a pele da professora Isabel era marrom forte e que a minha era marrom fraco. Neste momento, as crianças começaram a falar da cor da suas peles. Uma aluna bem moreninha, disse que em sua família tinha pessoas com pele marrom forte, e por isso ela era bem morena. Então, ela se deu por conta, que na mesma família, as pessoas podem ter cor de peles diferentes.
Acredito que todos os alunos precisam ter consciência de sua ancestralidade, pois como afirma Mundurucu “quando a gente se percebe continuador de uma história, nossa responsabilidade cresce e o respeito pela história do outro também.” Esta afirmação pode ser considerada como um facilitador das aprendizagens dos alunos, pois quando há o respeito mútuo, as pessoas, independentes de sua cultura, etnia, religião, adquirem mais conhecimentos, pois se sentem mais seguros ao exporem suas idéias.
Durante a visita dos alunos de outras turmas, à nossa sala, uma criança da 3ª série, disse: “Eu nunca desenhei uma pessoa desta cor.” (apontou para o desenho da professora negra).
Parece que esta criança vive num mundo diferente daquele que realmente conhecemos, mas que precisa, ainda, ser reinventado constantemente por povos sedentos pela afirmação de suas identidades.
Como diz Gersen dos Santos Luciano, Baniwa: “não existe cultura estática e pura, ela é sempre o resultado de interações e trocas de experiências e modos de vida entre indivíduos e grupos sociais.”
Ao perguntar para os alunos, quais são as brincadeiras preferidas das crianças negras, eles citaram: bola, boneca, carrinho, que nem a gente.
Marilene Leal Paré diz que “os sentimentos e o mundo vivido por essas crianças dão subsídios à instituição escolar para o seu tendão de Aquiles e podem torná-la mais competente no desenvolvimento afetivo e da identidade, no planejamento de um currículo no qual esteja presente o esquema de pensamento de origem africana libertando-se do processo eugênico impingido à sociedade brasileira e existente na educação. Esta constatação vem de encontro com o “que nem a gente”, dito pelas crianças, sendo assim cabe à nós professores, também entender as diversas culturas; começando pela nossa, que constituem o povo brasileiro, para desmistificar a intolerância ainda muito aferida, aos indivíduos de uma mesma sociedade.